domingo, 28 de agosto de 2011

Explicando o que é linguística

Quanto à linguística, ela não é essa disciplina permissiva que “defende os erros gramaticais”, como diziam os gramáticos mais tradicionalistas. Nenhum linguista, em sã consciência, propugnaria o uso de palavras e expressões erradas — do ponto de vista da gramática normativa, bem entendido — na imprensa ou em textos formais em geral.
Mas a linguística parte do princípio de que a norma culta, embora seja importantíssima, não é o único padrão linguístico existente, e na verdade a maior parte da população se comunica a maior parte do tempo em outras normas que não a norma culta. (Pense, por exemplo, que se você usar a norma culta, com todas as suas regras rígidas, para falar com o pipoqueiro ou com o varredor de ruas, eles provavelmente não o entenderão, ou, no mínimo, pensarão que você está querendo “botar banca” para cima deles.)

Por isso, é preciso que exista uma ciência que estude a “língua real” e não apenas a “língua oficial”, caso contrário, estaríamos nos recusando a conhecer e a entender nossa própria realidade linguística e social.

Além disso, o chamado “erro” gramatical é, na verdade, a prova da evolução da língua: foi graças aos “erros” gramaticais e de pronúncia cometidos pelo povo romano ao longo dos séculos que o latim se transformou no que hoje é o português, o espanhol, o francês, o italiano, etc. Assim, o estudo da linguagem popular nos ajuda a compreender a própria evolução das línguas com o tempo.

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