quinta-feira, 10 de março de 2011

O emprego dos pronomes pessoais

O emprego dos pronomes pessoais

O emprego dos pronomes pessoais em português é questão que sempre provoca dúvidas. Existem pronomes que exercem a função de sujeito das orações e pronomes que exercem a função de complemento. No sujeito, usamos os chamados pronomes pessoais do caso reto (eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles e elas) e, nos complementos, os do caso oblíquo (me, mim, te, ti, se, si, o (s), a (s), lhe (s), ele (s), ela (s), nos, vos etc.). Essa distinção já é suficiente para compreendermos por que, pelo menos na norma culta, não se diz "Eu trouxe ele", mas "Eu o trouxe". É que o pronome de terceira pessoa, nessa frase, não exerce a função de sujeito, mas a de complemento do verbo "trazer".

Pronomes da terceira pessoa do discurso são um pouco mais problemáticos que os demais, pois há os que funcionam como objeto direto (o, a, os, as) e os que se empregam como objeto indireto (lhe, lhes). Isso explica o fato de dizermos, por exemplo, "Eu o respeito" e "Eu lhe obedeço". O verbo "respeitar" é transitivo direto (requer um complemento sem preposição, o chamado "objeto direto") e o verbo "obedecer" é transitivo indireto (requer um complemento introduzido pela preposição "a", o "objeto indireto").

"Para mim fazer" ou "para eu fazer"?

O que determina a escolha dos pronomes pessoais é a função sintática que eles exercem na oração. Vários leitores têm perguntado se o correto é dizer "para mim fazer" ou "para eu fazer". Essa é uma questão bastante freqüente e pertinente ao tema de que ora tratamos. Afinal, que função sintática exerce esse pronome ("eu" ou "mim")? Observe que não cabe a ele completar um verbo ou nome. Nesse tipo de construção, o pronome atua como sujeito do verbo que está no infinitivo. Usa-se, então, o pronome pessoal do caso reto. Assim: "Traga os números para eu fazer os cálculos", "Trarei os números para tu fazeres os cálculos", Trarão os números para nós fazermos os cálculos".

"Entre mim e ti..."
Deixa eu ver" ou "deixe-me ver"?

Finalmente, é importante tratar do emprego do pronome nas locuções construídas com verbos auxiliares causativos e sensitivos seguidos de infinitivo. Os verbos "mandar", "deixar" e "fazer" podem ser empregados como auxiliares que indicam causa ("mandar alguém sair", "deixar alguém entrar", "fazer alguém rir", por exemplo); os sensitivos são os verbos "ver", "ouvir", "sentir" (ou equivalentes) em construções do tipo "ver alguém entrar", "ouvir alguém bater à porta", "sentir alguém aproximar-se" etc.

Aparentemente o pronome exerce a função de sujeito, o que justificaria o emprego do pronome pessoal do caso reto. Ocorre, todavia, que o pronome em questão é também o objeto direto do verbo auxiliar (esses auxiliares são todos transitivos diretos), sendo a forma oblíqua a correta. Assim: "Deixe-me ver isso", "Faz-me rir", "Mandou-o sair", "Ouviu-o dizer aquilo", "Quero vê-la sorrir/ Quero vê-la cantar...".

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